Acompanhando o Blog do Ancelmo li essa matéria que expressa bem o que sinto pelo Rio de Janeiro, sem conta o belo relato de um carioca, daí resolvi compartilhar com vocês.
O Rio de... Rogério Studart
O carioca Rogério Studart (foto), 47 anos, formou-se em Economia na UFRJ - onde também fez o mestrado -, e cursou doutorado na Universidade de Londres. A brilhante carreira acadêmica o levou ao cargo que ocupa hoje: diretor-executivo para a América Latina do Banco Mundial. Baseado em Washington, viaja o mundo por causa do trabalho, mas não se esquece da cidade do seu coração. Ele homenageia a terra carioca de maneira apaixonada e apaixonante, com poesia, criatividade e bom humor. Não deixe de ler.Um carioca: Deus. É verdade que mesmo os cariocas mais fanaticos, que tem certeza que Ele(a) e’ carioca, podem duvidar de que Ele tenha efetivamente nascido no Rio. Mas todos sabemos que ser carioca vai alem disso: é uma questão de personalidade e de paixão pela cidade. E há evidencias claras sobre estas Suas caracteristicas: só um(a) amante desta cidade criaria com tanta dedicação suas belezas. Os habitantes ajudaram na obra, com a construção do Cristo Redentor, o Jardim Botânico, os museus, os parques etc. Mas a generosidade de Deus na obra-prima de contrastes geográficos é impressionante: montanhas, com desenhos belíssimos, cobertas pela Mata Atlântica (veja que espetáculo a Floresta da Tijuca, abaixo, na foto de Gustavo Stephan), se estendendo até o mar ou cercando a Lagoa Rodrigo de Freitas. (Observação importante: as contradições sociais e econômicas, a feiura da desigualdade e da pobreza, a resultante violência e a poluição não podem ser atribuidas a Ela: são construção humana, e podem e devem ser enfrentadas pelos seus habitantes).
Um amigo no Rio: São muitos os amigos e pessoas que admiro no Rio (de hoje e do passado), e seria uma injustica mencionar um ou vários. Prefiro falar de uma amiga, semifictícia que, o meu ver, representa tudo de bom que vejo e gosto nos amigos cariocas. Nascida, como eu, no subúrbio do Rio, e atualmente moradora da Zona Sul, possui em sorriso extremamente alvo e largo, que contrasta com o negro da sua pele, gerando uma impressão de alegria e bom humor, mesmo nas conversas mais densas. Extremamente inteligente e culta, fala de quase tudo – de futebol a economia, de culinaria e história, de China e Nilópolis -, mas quando fala dos seus temas profissionais, o faz com profundidade e maestria. Possui o dom de circular em qualquer um dos quarto cantos da cidade sendo recebida como se fora "local". Apaixonaíssima pela sua pequena família, tem consciência da necessidade de um projeto de sociedade, com justiça social e oportunidades, que possa oferecer um futuro decente para sua filha e demais crianças da cidade e do país. Por isso, como profissional, trabalha com seriedade e ética, e prega o mesmo para a política e o setor privado. Tudo sem perder o bom humor, o extremo otimismo, e a consciência do privilégio que é ter nascido nesta cidade e no país.
Um programa: Meus programas preferidos no Rio em geral são extremamente simples. De manhã pego minha bicicleta e faço um largo passeio, começando na Praia do Leblon, indo até o final de Copacabana. Na volta, entro para a Lagoa Rodrigo de Freitas pela rua do canal que divide Ipanema do Leblon, e pelo menos duas voltas pela Lagoa. Invariavelmente paro duas vezes em cada volta para admirar um ângulo das montanhas que rodeiam a Lagoa – e toda vez fico estarrecido. Volto à praia e dou um mergulho, que pode tomar pouco tempo, ou um par de horas. Saio para almoçar rapidamente, e, quando tenho tempo, à tarde, gosto de passear no Jardim Botânico, e depois tomar um café e ler num pequeno bar que existe no parque. Mais tarde, vou à Livraria Argumento (ao lado, com a dona, Laura Gasparian, fotografada por Gabriel de Paiva) para ver o que há de novo e interessante entre livros, CDs e DVDs. A noite é para escutar uma musica, ir ao teatro ou cinema e ver (e falar com os amigos).
Um lugar para comer: O Rio não é, a meu ver, um lugar para comer "pesado" (com exceção dos domingos, quando uma feijoada de vez em vez cai bem). Gosto de comer saladas e pratos mais leves, e a variedade no Rio e’ enorme: um exemplo é o Gula-Gula no Leblon (ao lado) e no Shopping da Gávea. À noite eu gosto muito de comer japonês, e de novo as opções de restaurantes são enormes. Há dois, um no Leblon e outro na Gávea: o Sushi Leblon e o Sushimar, respectivamente.
Uma paisagem: O caminho do Aterro, beirando a Baía de Guanabara, para qualquer lugar que se olhe, é incrivel. Gosto tambem da vista do Pão de Aúcar, tambem em 360 graus, e em qualquer dos mirantes. Tenho um enorme prazer em levar os amigos que estão conhecendo a cidade, mas tambem já subi sozinho algumas vezes somente para curtir o visual.
Uma recordação: As manifestações pela redemocratização e pelas Diretas-Já (relembre a maior de todas, na Candelária, abaixo). Como garoto que era, me sentia extremamente dividido pelo sentido de momento histórico e pela admiração das belezas naturais que nos cercam até hoje.
